Tanto
gregos como romanos, consideravam o trabalhador, aqueles que executavam com as
mãos, um elemento socialmente inferior, visto como um ignóbil. Artesões e
operários não especializados não eram cidadãos. Quem trabalhava era considerado
como gentalha. A pobreza era um defeito, uma espécie de vício. Portanto, os
pobres moralmente inferiores, não viviam como se deve viver. Ou seja, no ócio!
Para
corroborar com a descrição analítica acima, citaremos pensamentos de gregos e
romanos:
-
Isócrates de Atenas (436 a.C. Atenas - 338 a.C.
Atenas) orador e retórico considerado o Pai da Oratória, considerava a
necessidade de manter “os inferiores” ocupados em tarefas: “pois as pessoas de baixa condição eram
dirigidas ao cultivo da terra e ao comércio, porque das indigências nasce a
preguiça e o crime da indigência”.
-
Platão
(428/27 a.C. - 348/47 a.C.) em Leis afirmou: “um verdadeiro cidadão não deve trabalhar, a gestão dos seus domínios é
cultivada pelos escravos”.
-
Aristóteles
(384 a.C. - 322 a.C.) afirmou: “Alguns
seres quando nascem, estão destinados a obedecer, outros a mandar” e “escravos, camponeses e negociantes não
poderiam ter uma vida feliz (próspera e cheia de nobreza)”.
-
Sêneca
(Lucius Aneu Sêneca, 4 a.C. Córdoba -
12/abril/65 d.C. Roma) estoico, contemporâneo de Cristo, afirmou: “o destino é uma realidade” e, lembrou
que segundo o filósofo Posidônio: “as
artes do vulgo, as artes sórdidas, são dos trabalhadores braçais que empregam
tempo em ganhar a vida. Estes ofícios nada tem de Belo e em nada parecem com o
Bem”.
-
Cícero
(Marcus Tulius Cicero (03/jan/106
a.C. - 07/dez/43 a.C. 63 anos) teve o segundo livro editado por Gutemberg “De
Officis”) aprendeu com o filósofo Panaitios que “todo salário é sórdido e indigno de um homem livre, constitui o preço
do trabalho não é uma arte”.
-
O imperador César (Caio Julio Cesar
13/jul/100 a.C. Roma – 15/março/44 a.C. Roma) ordenou que um terço dos pastores
fosse de homens livres, o trabalho servil reduzia a inatividade.
-
Augusto
(Caius Iulius Caesar Octavianus Augustus
23/set/63 a.C. Roma – 19/ago/14 d.C. Roma) atendia aos interesses dos
lavradores e negociantes para dirimir as querelas de quem serviam.
-
Vespasiano
(Tito Flávio Vespasiano 17/nov/9 d.C.
– 23/jun/79 d.C.) recusou-se a utilizar
máquinas na construção do Coliseu para não reduzir a fome da arraia miúda;
Trabalho em tempos
romanos
Todo
imperador romano compreendia que o trabalho constituía o único recurso de uma
multidão sem nenhuma perspectiva de melhora social. Pior do que o trabalho,
somente a escravidão. Era preciso manter a população inferior em atividade
exercendo um tipo de trabalho para evitar maiores problemas.
A
economia em Roma antiga era movida pelo setor servil. Pequenos camponeses
independentes sofriam para pagar os impostos, também haviam outros dependentes,
como os meeiros. Trabalhadores agrícolas, assalariados, artesões com serviços
comprados para determinada tarefa tinham um pacto de compromisso sem nenhum
contrato escrito.
O general e político romano Cneu Pompeu Magno (29/set/106 A.C.-28/set/48
a.C.) eleito cônsul três vezes, em suas conquistas da Sicília, Judéia,
Jerusalém, sul da Gália, obteve saques dos derrotados que renderam cerca de 786
milhões de sestércios; os tributos romanos, arrecadados nas províncias do
Oriente giravam em torno de 300 milhões de sestércios. Citando apenas dois
proventos dos quais Roma se valia para auferir valores substanciais para
alimentar a máquina de guerra romana, controlar as regiões dominadas e manter uma cidade cosmopolita, especilmente com luxo seus líderes.
A renda básica paga diariamente a um operário sem especialização no
Império Romano era de ¼ de um denário. O denário cunhado em prata, surgiu pela
primeira vez em 211 a.C. e significa “que contém dez”. Augusto ao fazer a
reforma monetária mandou cunhar o sestércio em formato maior e de bronze. Um
denário equivalia a 8k de pão.
Pior
do que o Tempo e a Moeda, era a frágil certeza da plena
liberdade de ir e vir. Havia prisão por dívidas, o credor ainda podia
sequestrar a mulher e os filhos para fazê-los trabalhar. Dívidas com o Estado,
resultava em condenação à escravidão do fisco, com o devedor levando inúmeras
chibatadas dos guardas, em delito menor. No Império Romano as oligarquias dos
notáveis estavam livres de obrigações fiscais.
O
pensamento greco-romano com referência ao trabalho, explica em parte, o atraso
e a ignorância pelo uso de máquinas, uma vez que inúmeras ferramentas e
equipamentos inventados no antigo Egito
perduram até os nossos dias, mesmo a medicina passou do mundo dos faraós aos
árabes.
As
ideais antigas sobre o trabalho não podem ser correlacionadas com o movimento
do trabalho decorrente do aumento da produção, mecanização e mão de obra na
Revolução Industrial, ou seja, sem petróleo ou carvão.
Em
tempos antigos, não havia princípios de organização de trabalhadores exaltando
uma classe profissional, luta de classes, dominação ou categoria. Existiu a
rebeldia, a insatisfação e até revoltas, com o contrapeso desfavorável a quem
trabalhava. O trabalho tinha sua utilidade no contexto social, na mentalidade
daqueles tempos, nossas réguas não servem para medir, comparar ou avaliar.
Xenofonte,
lembrava das intempéries nos ofícios, afirmando: em certos trabalhos manuais,
passava-se o tempo inteiro próximo ao fogo; artesões não tinham nenhum tempo
livre, seja para ter amigos ou outra preocupação; cultivar o campo era suportar
o frio e o calor, levantar cedo, defender a terra que cultiva e dormir muito
cansado.
Pensamento de grego, representante
de uma mentalidade que perdurou quase mil anos!
Evergetismo
Em Roma Antiga,
uma prática peculiar, chamada pelos franceses de “evergetismo” vigorava em plenitude.
Eram ações, de modo particular e generalizada, movidas pelos notáveis, membros
do senado e os principais elementos abastados da sociedade romana.
O Império Romano era um governo indireto, uma federação de cidades autônomas. Um membro da nobreza, fosse senador ou cavaleiro, era posto a receber um título de patrono de uma dessas cidades autônomas, um mecenato representado pelos seus símbolos, sempre recordado pela cidade agraciada.
Estes cidadãos doavam
ao seu modo, à comunidade: uma propriedade, construíam um edifício para uso
público (ao lado esquerdo uma dessas construções), consertavam estradas, patrocinavam disputas entre gladiadores,
promoviam jogos, doavam sais e perfumes aos banhos públicos, promoviam banquetes
e outras bajulações para a população de sua localidade, tais como: Pompéia,
Herculano, Roma, outras.
A imagem do promotor
de um bem para servir à toda comunidade, o diferenciava. Tais feitos trazia
prestígio, por parte do povo romano, uma vez que a comunidade realmente se
beneficiava com essas doações. Era um feito do privado para o público. A cidade
desfrutava de uma benesse, ao ponto dessas práticas tornarem-se uma obrigação
por parte de quem obtinha posses. Era uma obrigação social muita cobrada.
O próprio Imperador
distribuía o trigo trazido do Egito
ao povo de Roma, promovia lutas de gladiadores, jogos, mantinha o povo
ocupado em muitos serviços. Na história da vida privada romana, os notáveis
recebiam diariamente “uma extensa clientela” havendo uma dependência de muitos
ao seu redor, partilhando de banquetes e favores. O maior objetivo da prática do
evergetismo era o doador nunca ser
esquecido em sua cidade e receber congratulações mesmo após sua morte.
Collegias
ou Confrarias romanas
Esse modo de vida provocou um outro tipo de
relacionamento interpessoal, as chamadas “collegias” ou confrarias. Eram livres
associações privadas, aderidas somente por homens livres e escravos, exercendo
a mesma atividade ou venerando um mesmo deus, portanto com objetivo religioso
ou profissional.
Em todas as cidades havia um ou vários colégios,
estabelecidos apenas com pessoas locais, organizados nos moldes de uma cidade,
cada qual com seu conselho, magistrados anuais, isto é, seu evergetismo.
Fosse uma associação de ferreiros, pedreiros,
carpinteiros, tecelões, comerciantes de certas roupas, adoradores de Hércules, Mercúrio,
Baco, Vênus. Essas confrarias recebiam o evergetismo de um simpatizante, um
mecenas local.
Cada membro contribuía ao ingressar com um valor
que somado ao valor do evergetismo que recebia pela doação, honras e
reconhecimento. O montante arrecadado permitia a confraria, banquetes alegres e
um enterro decente, acompanhado pelos associados até o túmulo coletivo da
confraria. São Cipriano escreveu que
o banquete e a sepultura são os dois objetivos das confrarias.
As confrarias seguiram seu caminho através dos tempos,
se transformaram em corporações de ofícios, guildas, maçonaria, sociedades
secretas, fundações, voluntariado, filantropia, etc.
Corporações
de Ofício ou Guildas
Nosso
objetivo é traçar historicamente que a tríade: tempo, moeda e trabalho
percorreu um longo percurso no qual o encontro com a Mecanografia, contribuiu juntamente
com os novos instrumentos de mudança social e econômica, o novo perfil de
Estado, com peso e contrapeso, para a melhoria da vida individual e coletiva,
ao permitir redistribuir cargos e funções, abertas aos milhares, principalmente
com a administração da vida citadina descrita na ABA Recursos & Contábeis.
Século III d.C.
A crise e a desagregação do Império Romano, ocorreu
no início do século III d.C., período chamado de Baixo Império em decorrência do
desequilíbrio entre a receita e a despesa, com uma crise generalizada, principalmente
o custeio para manter as fronteiras conquistadas com milhares de militares.
Aliado a este fator, ocorria a gradual substituição
de escravos pelo sistema de colonato, levando a população para áreas rurais despovoando
a cidade, enfraquecendo todo tipo de atividade comercial.
As tribos bárbaras, mantendo uma certa paz com Roma, tiveram um crescimento demográfico significativo, o que gerou dificuldades de sobrevivência. Enquanto isso, a migração em direção ao território romano com melhores condições de alimentação, era
continua. Por outro lado, os Hunos invadiram a região os povos germânicos em busca de
espólio e terras, esse avanço obrigou os bárbaros a romper os limites da fronteira romana, vindo por fim, decretar domínio romano.
Este ano, marca o início da Idade Média com a
deposição do último soberano do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augústulo. Esse contexto, deu
origem ao feudalismo, uma combinação entre instituições romanas do colonato e
tradições germânicas do comitatus. Assim, trabalhadores antes livres, fixaram-se em
grandes propriedades na condição de colono, perdendo autonomia, sem puder de acordo, vir a deixar
a propriedade.
Este fato, foi agravado continuamente por cerca de mil anos de ruralização continuada. Podemos afirmar, que no decorrer dos anos deste
movimento, isto é, do feudalismo, produziram fatores aonde o trabalho, o
tempo e a moeda influíram nos destinos de uma região sob tais aspectos.
Na ABA
Historiografia, afirmamos nosso
foco sob a visão da Escola das Mentalidades, de Marc Bloch e Lucien Febvre, ao
pesquisar o caminho que o ser humano percorreu para civilizar-se em grupos de
sociabilidade em prol da liberdade, fraternidade e igualdade, essa tríade
utópica, carregada de interesses individuais e coletivos, precisam ser
equalizados em inúmeros sentidos. Uma incessante busca ao bem comum é a razão de preceitos e princípios justos e igualitários.
Nessa
mesma ABA inserimos o personagem do Artesão
até 1760. Vamos buscá-lo em tempos mais remotos, nas corporações de ofício,
numa delas encontramos o ARTESÃO, talvez seja uma das principais chaves neste
portal: trabalho, moeda e tempo.
O reconhecimento do cristianismo como religião
oficial, substituindo o poder dos imperadores romanos acolheu em seu seio as
confrarias, que ligadas ao culto de deuses pagãos, foram transferidos em
formato para os santos, da religião das boas novas. As origens dessas
corporações de ofício surgiram através de agrupamentos com suas razões muito claras,
como as:
- Religiosas: confrarias iniciadas no século X para
culto do santo patrono, caridade e ajuda recíproca aos membros confraternados,
padrão conhecido desde os tempos romanos.
- Econômicas: garantir o monopólio de determinada
atividade, fora do controle servil, contra as dificuldades, inclusive de
relação aos senhores notáveis que se consideravam donos do outro. Interesses
mais recentes, oriundos num novo espaço.
- Político-sociais: tendo a finalidade de proteção,
medir a força da plebe de profissionais contra o patriciado, detentor do poder na cidade, ou seja, os “notáveis do
ócio” agindo com as mesmas regras, desde os tempos greco-romano.
Dos
romanos até a Alta Idade Média, a figura do mercador, assim como certas ocupações da
população urbana, como por exemplo, o artesão, não se
enquadravam nos ditames de qualificações previstas no “bom ordenamento da vida” tal qual se pregava no sistema feudal, equilibrado
entre os fazeres e deveres dos sacerdotes, guerreiros e lavradores. Além do que o trabalho do artesão era incipiente, lento, unitário, mas recebia ganho.
Ora Et Labora
Desde o século VI, com a temática
da Regra
de São Bento, a sociedade feudal se organiza entre clero, guerreiro e
campesinato. Os sacerdotes cuidam da espiritualidade, as coisas de ordem divina,
das almas humanas.
Os guerreiros sempre prontos a defender o Clero, seu Senhor
e aqueles que cuidavam da terra. A fiel missão da Cavalaria exigia pura
lealdade de cada guerreiro. Quanto aos camponeses, cuidadores do que a terra poderia
gerar, seus compromissos são diversos, divididos entre a talha, a corveia e a banalidade.
A talha era o imposto pago sobre a produção no manso servil, ou seja,
seu trabalho nas terras de um proprietário onde habitava, quase por favor de um
senhor; a corveia era o imposto do trabalho compulsório na reserva do senhor,
onde o camponês cultiva e toda a produção fica com o Senhor; as banalidades,
era o pagamento pelo uso dos instrumentos do senhor, como o forno e o moinho.
Neste
período, “horários regulares” só tinham utilidade para a vida social e
religiosa, uma vez que na agricultura imperava a natureza com seus imprevistos.
O trabalho na terra, de propriedade dos notáveis senhores, era tarefa destinada
a classe servil, obrigadas ao plantio e colheita em solo alheio, com regras
orientada pelos costumes, quando inclusive um senhor feudal “tinha o direito da primeira noite de núpcias
da jovem servil, sob os limites de suas terras”. Sem contestação do marido
e na frente deste.
Período do Século XI e XII
1054
Neste
ano, ocorreu um marco de profunda mudança religiosa: a cisão das igrejas
católicas do Oriente e do Ocidente, perdendo a unidade cristão que viria a alterar todo cenário europeu.
Neste
ano, o papa Urbano II convoca a primeira cruzada, de uma série de movimentos à
Terra Santa que vão representar grande avanço comercial e aprendizado para o
renascimento comercial e urbano gradativo, naquelas relações estanques, sem
ascensão de nível.
O
temido ano mil com previsões catastróficas de fim do mundo ficou para trás. Inventos como a charrua, um arado atrelado a tração
animal e o moinho hidráulico vão alterar o cenário social e econômico. Duas
atividades cooperadas, uma pelo uso do cavalo ou boi e outra, movido à força
d’água, facilitaram o cansativo trabalho humano.
Outros
fatores, surgiram como elemento técnico-agrícola da rotação tri-anual das
culturas, permitindo maior produção, além do consumo maior de leguminosas.
Melhor alimentação, menor mortalidade, foi o resultado de ter dobrado a
produção alimentar do século XI ao século XIII.
Além
disso, as rotas de mercadorias terrestres, perigosas e precárias, quer também pelo
domínio dos árabes na região, foram substituídas por vias marítimas, mais
baratas, permitindo impulso das cidades de Veneza e Gênova e da Liga Hanseática
formada por cidades germânicas dominando o mercado do norte europeu.
Os hanseáticos recolhiam mercadorias num lugar e vendiam em outros, como peles, mel e cera da Rússia; minerais da Hungria, peixes da Noruega e Islândia, ferro e cobre da Suécia, vinho da Alemanha, sal da França e Portugal, lã da Inglaterra e tecidos de Flandres. Enfim,
melhores condições de vida no cenário da Baixa Idade Média.
O território europeu passou por inúmeras mudanças neste período, primeiro com as feiras na frente dos castelos, pelo movimento das Cruzadas com as influências recebidas no Oriente, mais avançados em diversos sentidos, além de larga circulação de mercadorias e pessoas. Neste mesmo período começam a nascer o sentido de unidade nacional: o Estado.
Os
Estados modernos na Europa se formaram pela centralização num poder central devido
à dominação de várias cidades e aproximação entre a monarquia e a burguesia com
os mesmos interesses, o hábito comercial, a venda e a compra.
Estes
e outros fatos, permitiram desmontar as estruturas feudais que travavam o
comércio, determinando a um comandante o poder central, no caso, a realeza. Aquilo que tinha ficado travado entre muralhas demarcadas numa determinada área, começou a ser alterado, tendo como ponto de deslanche: as feiras armadas diante dos castelões. Também feudos começaram a manter comércio com outros feudos, em busca de suprimentos. A necessidade de mercadorias, permitiu feiras em locais estratégicos, outras montadas na entrada dos feudos e palácios.
Nobres e burgueses, juntos articularam o controle da ordem pública, submissão
da população a uma hierarquia centralizada, organização geral do Estado,
tornado forte pela arrecadação de impostos e por importantes decisões gerais.
Os
recursos obtidos em nome da realeza, o compromisso das localidades mais distantes
com o monarca, permitiam manter uma poderosa administração estatal que
prevalece até nossos dias, através do Estado, como o conhecemos. Outro fator iria também colaborar com essa nova mentalidade: a conquista de Jerusálem por um amplo movimento religioso.
A preparação da cada Cruzada impunha uma série de medidas a ser providenciada, como fazer armamentos, levar mantimentos, preparar alimentos e água para a contingente. Enfim, transferir para terras muito distante uma numerosa tropa e material de campanha. Exigiu trabalho coletivo.
Um movimento começou a partir de meados do século X em diante, no que se refere ao Trabalho e sua relação com o senhorio. Com a fuga das pessoas dos feudos que não conseguiam mais sustentar-se, marcado pelo esgotamento do sistema feudal, as novas relações havidas para realizar o movimento das Cruzadas, permitindo a comercialização de viveres e toda implicação para mover milhares de pessoas por mais de 4mil e 500 Km, permitiu uma nova realidade. De modo acelerado, populações rurais foram direcionadas para as cidades,
provindo o renascimento das cidades e uma revolução no comércio.
As feiras montadas na frente dos castelos feudais, o abandono das relações estanques feudais de vassalagem. O nascimento daqueles negociantes estabelecidos em casas comerciais, permitiu um novo elemento social: a burguesia. A cunhagem de moedas passa a ser um padrão de troca de mercadorias na compra e na venda.
Desse modo, foram criadas condições para no século XIII, o pleno renascimento comercial e urbano, encerrando o feudalismo em função de mudanças religiosas, econômicas e culturais.
O
trabalho como exercício natural de sobrevivência, de ganho monetário, de
usufruto pessoal, é algo muito recente. Pertence a evolução vinda através das
feiras na porta dos castelos feudais, com os mercadores, a vida citadina, as
corporações de ofício até a formação da burguesia, como vamos descrever.
A partir
do século XII em diante...
Da organização de indivíduos em grupos
profissionais, nascem as corporações de ofício e guildas, ou seja, associações de pessoas qualificadas, exercendo
um mesmo ofício em atividades de unidades de produção artesanal, seguindo
uma hierarquia profissional de mestres, jornaleiros e aprendizes.
Um artesão nunca poderia estipular um
preço maior ou usar material de qualidade inferior ao de seu colega. Isso
evitava a concorrência dos membros de mesmo ofício. Uma corporação também
protegia seus associados, proibindo a entrada de produtos similares aos
produzidos na cidade em que se atuava.
Essas corporações estabeleceram
regras para o ingresso na profissão, tinham controle de quantidade, da
qualidade e dos preços dos produtos produzidos, chamado de preço justo. Quem
desejasse entrar na corporação, só era aceito como aprendiz pelo Mestre.
Os aprendizes não recebiam salários,
geralmente eram parentes, afilhados. A extensão do aprendizado variava de
acordo com o ramo, podendo durar pouco, apenas um ano, ou prolongar-se de dez a
doze anos. O aprendiz trabalhava por comida e abrigo até dominar sua atividade.
Em média, o período do aprendizado, variava entre dois, sete ou dez anos. Não
raras vezes, acabavam se casando com a filha do Mestre, ao passar para oficial,
pelo convívio e afinidade e, por vezes assumia o posto e se tornava um Mestre.
O Mestre, dono da oficina, garantia o
sustento dos seus profissionais, amparava seus trabalhadores em caso de
velhice, qualquer tipo de doença ou invalidez, como ainda, detinha o conhecimento,
as ferramentas e a matéria-prima. Após o término do aprendizado, o aprendiz
tornava-se jornaleiro ou oficial e depois mestre. Entretanto, à medida que se
avançava para o fim da Idade Média, tornava-se mais difícil ao jornaleiro
atingir a condição de mestre.
Em cada uma das cidades medievais
existiam várias corporações, delimitadas em suas áreas, de forma restrita, sem sobreposição
de competências. Uma alfaiataria não consertava roupas, assim como, uma oficina
de conserto não tinha permissão de confeccionar peças novas. Isso valia para
diversas atividades. Artigos de primeira necessidade como pão, vinho, cerveja e
cereais tinham seus preços regulamentados.
Dentre as mais destacadas atividades,
os construtores e os artesões e, entre estes: dos tecelões, dos tintureiros,
dos ferreiros, dos carpinteiros, dos ourives, entalhadores de pedras, dos
padeiros, e outros. Uma pessoa para trabalhar num determinado ofício, como
pedreiro, carpinteiro, padeiro ou comerciante só exercia a profissão caso fosse
membro da corporação. A desobediência levava o infrator a ser expulso da
cidade.
1344
Neste ano, nasce o meio preciso de medir o Tempo, os primeiros
inventores de relógios: Ricardo
Walinfard, Santiago de Dondis e seu filho João de Dondis, com o horológio. A troca do badalar
dos sinos, seriam substituídas, através de construtores e
aperfeiçoadores de relógios na Baixa Idade Média.
1370
Neste ano, surge um outro inventor: Henrique
de Vick permitindo melhorias nos mecanismos de marcar as horas. Aos poucos
a marcação do tempo iria influir na vida de todos os habitantes europeus.
As mudanças num novo
ciclo
Por
um longo e abrangente ciclo que se estendeu, do mundo greco-romano até o século
XVIII, riqueza e nobreza, pertenciam a um reduzido número de proprietários de
terras. O comércio era desvalorizado. As fortunas comerciais dos novos ricos,
não se equiparava em importância, a riqueza antiga dos donos de terras,
principalmente pelo status da tradição.
As
atividades de produção rural ou domésticas baseadas apenas em obrigações servis
passariam por um outro estágio do desenvolvimento humano. Não servia mais, ter
o movimento do dia marcado somente pelos sinos das igrejas e seus missais, uma
nova máquina batia em outro tom permitindo calcular o tempo.
A atividade do comércio de modo expansivo
exigia tipos sociais mais diversos, da tríade fundamentada pelo sistema feudal. O processo produtivo artesanal passou
a ter sua função e regulamentação, uma vez que as cidades cresciam, havendo um
certo consumo e necessidade de serviços. Na Alta Idade Média, era costume de quem porventura conseguiu obter "moedas" procurar um ourives para guardá-las, garantido por um recibo esse
valor referencial.
As moedas imperavam como meio de identidade de domínio regional, uma vez que o conceito de Estado ainda não existia, assim destacamos duas importantes ações de circulação de moedas:
1190 - Neste ano ocorre a primeira cunhagem de moedas de libra esterlina no reinado de
Ricardo II;
1299
Neste ano, uma lei florentina proibia, quem tinham a banca de
negócios com moedas, comerciantes de moeda ou os "antigos bancários", o uso dos
novos algarismos e, continuassem a utilizar os antigos e eficazes números
romanos, crendo que estes fossem de difícil falsificação. Não poderemos associar o comércio de moedas com os estabelecimentos bancários atuais com instalaçãs vistosas.
O livro de Leonardo
Fibonacci, de modo facilitador explicava em capítulos algumas temáticas:
- 8º Capítulo – “Do cálculo do preço das mercadorias e assuntos afins”.
- 10º Capítulo – “Da cooperativa entre sócios”.
- 11º Capítulo – “Da troca de Moedas”.
- 15º Capítulo – “Das regras de geometria e do problema da álgebra e da
almucábala”.
Entretanto, esse sistema prático de notação sofreu lentidão em sua
divulgação, principalmente por interesses bancários e de quem estava ligado as
grandes atividades comerciais, não desejando que o controle calcular fosse de
conhecimento comum.
1360 - Neste ano, surgiu o franco na regiaõ ocupada hoje pela França, no latim como: "francorum franco" (rei dos francos);
Um dos serviços que se estendeu do
século XII ao XV foram os “bilhetes de banco”, os certificados de depósito
garantindo o volume de recursos de uma cidade transferida a outra, por seus
contratos permitindo a expansão comercial além dos limites próximos, aos mais
distantes lugares. Era o princípio da entrada do “dinheiro de papel documental” equivalente à
moeda.
As corporações atuaram como incentivo
para o aumento da produção. Os comerciantes manufatureiros foram obtendo cada
vez mais lucros, o que gerou um crescente acúmulo de capitais, nas mãos de uma
nova classe, denominada de burguesia.
Séculos XII e XIII
Neste período surgem as primeiras atividades de cunho bancário na Itália, através dos banqueiros judeus de Florença na época do Renascimento, que dispunham apenas de uma mesa, onde eram trocadas as moedas em cantos da rua, ponte ou outro lugar qualquer. Nesse estágio, marca um lugar oficial e traz a Moeda para mover uma nova instituição.
1406
Este ano, marca a criação do que é considerado o primeiro banco moderno:
o Banco di San Giorgio, em Gênova. Embora
as primeiras experiências tenham começado de modo oficioso, a casa bancária entra em cena como atividade regular e oficial como parte de evitar o transporte de peso descomunal de um lugar a outro distante.
1453
Neste ano, em Constantinopla são emitidas moedas em quantidade considerável para permitir uma circulação monetária mais vigorosa, dada a importância bizantina.
1487
Elevada a categoria de cidade em 27 de julho de 1128, a cidade de Bruges, na Bélgica construiu muralhas e canais, facilitando a expansão comercial, permitindo a navegação de grandes barcos, servindo de rota para especiarias para diversos lugares.
As técnicas comerciais e financeiras utilizadas, trouxe fluxo de capital vultoso, circulação de capital com transações bancárias interligando vários reinos. As circunstancias de ser um lugar estratégico, favorável pela navegabilidade
para levar mercadorias trazidas do Oriente a todo continente europeu, tiveram
na casa nobre de Van Der Burse o ambiente propício aonde mercadores se reuniam para
realizar seus negócios. Os "Van der Burse" eram banqueiros, recebiam casa grupos de comerciantes para travar negócios e investimentos.
A palavra bolsa ganhou sentido pelo brasão familiar de Van der Burse
possuir no estandarte ter três bolsas. Desse momento para frente a palavra "bolsa" passou a representar o ambiente de negociação financeira.
1531
Surge a Bolsa de Antuérpia considerada a primeira de negociação e empréstimos.
1595
O sistema de bolsa de valores é instalado em Lyon, Bordeaux e Marseille na França.
1602
Neste ano, é criada a Companhia Holandesa das Índias Orientais da Ásia através do sistema de ações.
1661
Neste
ano, na Suécia, devido ao baixo
valor das moedas de cobre, podemos afirmar que nascia um novo modelo de
intercâmbio: o papel moeda, com seu valor calculado pelo lastro em ouro que
perdurou até a Segunda Guerra Mundial quando a economia europeia entrou em
colapso.
1792
Neste ano em 17 de maio, em frente ao nº 68 Wall Street, surge a Bolsa New York Stock Exchange para negociar títulos da dívida pública. No decorrer dos anos tornou-se a principal Bolsa de Valores do mundo, impulcionando a economia americana e estimulando o mercado mecanográfico.
Daqui para frente, as máquinas mecanográficas seriam inevitáveis e
essenciais para manter um fiel controle dos acúmulos financeiros. A complexidade mecânica foi extraordinária!
Tempo: medição e
avaliação. Moeda: controle, proteção e
guarda.
Podemos perceber que dois elementos – tempo e moeda – foram “ganhando”
cada vez mais importância no contexto da vida comum e no ambiente comercial. Tendo
a moeda, sendo convertida em papéis documentais do seu valor mercantil.
O mercantilismo surgiu através de um conjunto de práticas econômicas
desenvolvidas na Europa na Idade
Moderna entre os séculos XV e XVIII, uma
vez que as moedas podiam ser resgatadas muito longe. Entre outros fatores,
marcou a criação do Estado Nacional pela concentração de poder nas mãos de um
soberano, qualificando uma linha dinástica para tentar perpetuar “o poder de
ordem divina”. (vide Aba Mecanografia)
As grandes navegações inseridas neste contexto, unifica o mercado
interno, com protecionismo alfandegário, explorando as colônias conquistadas,
quer por descoberta ou dominação, interferindo na economia dinamizada por
índices demográficos cada vez maiores, ainda agindo pelos vários interesses
comuns da nobreza.
Alguns pensadores, entre estes, citamos Adam Smith, apregoaram a
tese do liberalismo influenciando financistas, comerciantes e por fim industriais,
incrementando um novo tipo de produção em alta escala, iniciado pelas manufaturas
e pelas recentes invenções como a ferrovia, levando cargas e pessoas em alta
escala.
A descoberta da imprensa de tipo móveis permitiu a difusão do
conhecimento a uma quantidade de registros e troca de saberes pelo continente
europeu e americano, logo compondo livros para contabilidade e organização
documental. Iniciava o mercado socioeconômico.
O movimento da Revolução Industrial foi inventando
maquinaria cada vez mais ágil, aperfeiçoada, avançada. Criou e alterou regras
de trabalho com tempo e moeda, nos ambientes em que as máquinas dominavam a
cena.
Inserida e difusora no núcleo de progresso e desenvolvimento humano, as
mecanográficas como relatado nas ABAS, como Historiografia
e Registros & Contábeis, citadas anteriormente, eram fatores
preponderantes e permissionários, precisos, na busca do enriquecimento da
classe burguesa, substitutas da alta nobreza europeia, criadora do Estado
Nacional.
A biografia de Issac Newton demonstra per si, sua
valiosa contribuição para a humanidade, nos campos da física, astronomia e
matemática, com destaque nas três leis do movimento que levou a comprovação da
Lei de Gravitação Universal.
Em 1696, com 53 anos, o inglês Issac Newton foi nomeado
diretor da Casa da Moeda inglesa;
três anos depois foi elevado a Mestre da
Casa da Moeda aonde ficou até sua morte aos 84 anos, sob a contagem do
calendário juliano.
Nesta ABA Tempo e Moeda, nos interessa o
valioso trabalho de Issac Newton no sentido de dar equilíbrio ao valor das moedas. Investigou
falsificações de moedas que resultaram em várias condenações à forca. Retirou
de circulação as moedas antigas desgastadas, trocando por novas com melhor grau
de segurança.
As milhares de moedas cunhadas através dos tempos,
não tinham um peso constante e padronizado. Era comum se raspar as laterais das
moedas para retirar lascas de metais preciosos, como a prata e o ouro. É
possível verificar como as moedas antigas circulares, são irregulares nas
bordas, não apenas por efeito de fabricação, mas burladas por “furto de pequenas quantidades de metais das
bordas”.
Issac Newton percebeu
esse fato e o corrigiu cunhando sinais de segurança para as bordas. Resolveu
esse problema da moeda inventando as fissuras, ou seja, riscos nas bordas. Issac
Newton pela primeira vez manteve um padrão circular mais perfeito, dando
segurança ao valor monetário, coibindo em definitivo a ação de não ser mais
possível retirar lascas de metais.
Em teologia produziu uma tese, de que o mundo não
acabaria antes de 2060. Em 2007, a Biblioteca
Nacional de Israel concluiu que essa teoria era igual ao do Livro de Daniel.
Time is Money!
Ganhar dinheiro em pouco tempo, ou seja, mais moedas no mínimo tempo.
Este note poderia estar inscrito como subtítulo do período histórico, quando as
máquinas operavam a todo vapor. Máxima inglesa na qual se pode afirmar: “tempo
deve produzir lucro”, adotada pelo americano Benjamim Franklin, no início do nascimento da nação americana.
Nos tempos de “todo o vapor”, como viviam e trabalhavam os operários?
Como se alimentavam para sustentar-se fisicamente nas longas jornadas?
Certamente, para atingir tal fim não tinha limites humanos ou morais,
somente interesses. A vida dos operários desprezada na tolerância dos seus limites
– quer seja, idade, doença ou morte. Situação pior, da vivida pelo elemento
servil ou do escravo romano.
As fábricas nos meandros da Revolução Industrial eram edifícios
imensos, com fraca iluminação, ventilação insuficiente, goteiras em dias chuvosos,
ou em dias enevoados, quando a situação se agravava de forma drástica. Portanto,
ambientes de péssimas condições de trabalho, higiene e segurança, àquela
numerosa quantidade de operários que ocupavam essas áreas fabris, com mínimos
espaços de liberdade de movimento. O pior exemplar eram as indústrias têxteis.
Gigantes máquinas, dezenas de alimentadores de fios infinitos e entrelaçados,.
Começava-se a trabalhar entre 5 ou 6 horas da manhã, estendendo o período por
cerca de 16 horas diária, com rigorosa disciplina incluindo até castigos
físicos, visando aproveitar o pleno tempo do operariado, iniciado pelo badalar
dos sinos de igrejas em primevas horas escuras a fim de exercerem tarefas
monótonas e repetitivas. Fábricas não tinham relógios!
Um trabalho longe de regalias ou privilégios, sem direito de férias,
descansos, premiações. Pagos em salários muito baixos. Mulheres e crianças
ganhavam a metade dos homens maduros, assim por preferência e economia, eram em
maior quantidade nas unidades fabris.
Os operários, para não perderem tempo e energia, viviam próximo as
fábricas, em ruas estreitas, sinuosas, lamacentas e sujas. As habitações eram
cortiços, sem móveis e quando muito caixotes faziam o mobiliário doméstico, em
pequeno espaço, tal qual sua vida na fábrica. Sujos, sem nenhuma higiene
pessoal, sem banheiro privativo, faziam as necessidades fisiológicas em fossas
espalhadas nos quintais, por todos os cantos, ou seja, a insalubridade não
oferecia mínimas condições sanitárias, de onde provinha doenças da miséria, abundante
principalmente na Inglaterra
industrial, como ainda, em outras regiões fabris da Europa.
As mulheres, dispondo de raro tempo, acordavam mais cedo para preparar a
alimentação. Comiam pela manhã pão de aveia e cerveja caseira. A próxima alimentação
era a base de batatas cozidas, bacon e chá. Esse quadro de miséria e má
alimentação citadina provinha do espetacular aumento demográfico pela fuga do
meio rural para o urbano.
Na Inglaterra, camponeses
chegavam a fim de alimentar a nova indústria têxtil. O campo liberado dos seus
habitantes, foi destinado à criação de ovelhas, ampliado no movimento chamado
“cercamento”. Um cruel meio de expulsar colonos servis das terras para onde o
destino reservasse seu fim, isto é, o meio urbano. Porém, seria mais um passo
largo para cortar os laços servis vindo de longe, das portas do feudo.
Foi desse modo terrível e tosco, no qual as cidades cresceram
demograficamente. A indústria têxtil pode usufruir de mão de obra barata, em
grande quantidade, de homens, principalmente de mulheres e crianças a partir de
5 anos. A Inglaterra dispunha de população nos seguintes anos:
- 1750 de seis milhões de habitantes;
- 1800 de 9 milhões de habitantes;
- 1820 de 12 milhões de habitantes;
Segundo o brasileiro Visconde de
Mauá, conhecedor profundo do ambiente inglês como representante e depois
associado dos ingleses, afirmou: “o
operariado inglês vive pior que negros nas senzalas do Brasil Colônia”.
Novos Tempos, Novas
Moedas
A circulação de valores monetários, como
instrumento de pagamento por serviço, compra ou venda, de quaisquer naturezas,
representados num valor referencial equitativo e justo, entre indivíduos,
demorou muito historicamente para chegar num bom termo teve até alto e baixo.
Somente nos últimos duzentos anos, essa circulação foi representada por um
padrão, tomou sua forma mais ajustada, permitiu uma abrangência global, mesmo
não tendo atingido os patamares do ideário da Revolução Francesa de
preconizada: Igualdade.
Além do que, anterior a este período ducentésimo, apenas
um número pequeno de indivíduos ou pertencentes a nobreza, aristocracia ou
abastados, desfrutavam de bens como acúmulo de grandes áreas de terra, ou
metais com algum valor de troca, como as moedas sonantes, para realizar,
conquistar ou suprir seus desejos e necessidades.
A História nos é importante. Defini a dura caminhada do ser humano em
busca de melhores condições e organização da vida em comunidade, não apenas para
suprir as condições básicas tão inerentes, mas para produzir um bem comum,
mesmo com toda miséria, o meio urbano ofertava a moeda ou até mesmo buscar
outro meio, outra fábrica ou optar para exigir melhores condições.
Nosso ganho comum nos últimos duzentos anos...
Abordamos em aspectos diversos, porém num mesmo contexto, as profundas mudanças ocorridos nos destinos da humanidade e a contribuição do ramo mecanográfico acelerando a tramitação das ações oriundas de dois fatores principais, do século XVIII em diante: as Revoluções Industrial e Francesa.
Esses dois movimentos geraram consequências nas relações humanas, quer na política, economia e nos paradigmas conceituais e sociais, quer na Europa como no Novo Mundo, ainda sob controle absoluto dos governantes e em regime colonial.
Revolução Industrial
A Revolução Industrial, decorreu de uma série de invenções, principalmente para a indústria têxtil, aumentando a produção de produtos derivados da lã, retiradas dos ovinos produzidos em rebanhos de larga escala nas áreas de cercamentos, livres para pastoreio, com a expulsão os camponeses de terras que ocupavam a séculos.
Essa fuga que conduziu milhares de famílias do meio rural para o ambiente citadinor, aumentou demograficamente as cidades, alterando as relações interpessoais, trazendo novas situações, típicas dos grandes aglomerados humanos, relacionadas com as dificuldades de habitações, abastecimento de produtos e serviços, questões sanitárias e locomoção dos indivíduos.
Para atender tantas novidades, as relações socioeconômicas foram ramificadas em inúmeras bifurcações, criando estabelecimentos próprios para comercializar, suprir e atender as necessidades prementes de ordem populacional. Surgiram estabelecimentos comerciais como: armazéns, quitandas, empórios, lojas, oficinas de prestação de serviços.
Revolução Francesa
A Revolução Industrial surgiu para o campo da economia dez anos antes do evento francês. As guerras entre os reinos ingleses e franceses havia enfraquecido a economia de ambos, com maior efeito ao reino da França, aonde a industrialização foi mais lenta e houve decisões desastrosas.
O absolutismo francês deixou as camadas populacionais, incluindo parte da baixa nobreza, em situação de difícil sobrevivência, com falta de viveres, extensa miséria, desorganização social, mas mantinha o contínuo glamour da realeza. As difíceis condições causava revoltas cada vez mais intensa quer nas cidades, no campo, capital ou províncias.
A Revolução Francesa foi um movimento que envolveu inúmeros pensadores trazendo novas teorias, como o Contrato Social de Jean Jacques Rousseau, e tantos outras obras de pensadores pertencentes ao movimento chamado de Iluminismo.
Esse movimento expandiu-se pela Europa, e pelo mundo afora, influindo nas Américas, um ambiente que se desprendia do colonialismo. Foi o primeiro movimento entre cristãos que influiu também no mundo islâmico, trazendo noções de pátria, liberdade, formas equilibradas de governar, acordos para viver no meio social e uma série de elementos para garantir a liberdade individual.
Enfim, as Revoluções Inglesa e Francesa, sob a égide de movimentos em busca do bem comum, procurou retirar os entraves sociais, econômicos e políticos, defendendo as finanças, livre iniciativa de produzir e comercializar, permitiu o término da sociedade nobre, privilegiada pelo nascimento feudal com suas taxações, regulamentos e proibições arbitrárias e ditados pelo estado absoluto. Ambas revoluções deram formato nova à política e economia.
A Revolução Industrial trouxe um novo tipo de trabalho – o assalariado, o ganhar para comprar. A posse de um valor foi importante, pode-se ponderar - se a remuneração é justa, deficitária ou avitária.
Um fato é indiscutível e insofismável:
- o meio rural estagnou o campesinato por milênios e este não tinha nada de SEU;
- o meio fabril permitiu mudanças de patamar social, com atividades diversas de ganho;
- ferramentas e instrumentos feitos com metais tinham um valor absurdo impossibilitando a um simples artesão sua aquisição.
O
papel de classes com maior poder, ou seja, dos detentores de comando de um
grupo sobre outro, na história a humanidade, esteve por milênios em quem detinha
a posse de terra. Através dessa posse, os ocupantes dos limites da área,
serviam ao seu proprietário. Daí, conquistar terras, a causa de todas as discórdias
ou guerras. Na terra, o camponês trabalhou por gerações, sem direitos, regras
ou condições de reclamo das disposições impostas pelo dono da terra, ao bel
prazer e interesse.
Os
estratos que compõe uma sociedade organizada precisa de alimentos, vestuários e
inúmeros itens de sobrevivência. Algumas atividades, como artesãos, negociantes,
mercadores, feirantes ou aqueles que traziam mercadorias de longe, embora
servindo aos notáveis do ócio e a população, eram considerados de modo
generalizado, como praticantes de atividades desprezíveis, indignas e sujas, até
a Revolução Industrial em pleno século XIX.
A
riqueza antiga provinha da terra, herdado da ancestralidade, chamada de “bens
de raiz”. As fortunas comerciais conseguidas através de comércio, promoviam novos
ricos, considerados pessoas desvalorizadas, possuidoras de todos os vícios, agindo
por cobiça, engendram o luxo e indolência.
Além
do que distorcem a natureza, rompendo sua barreira natural, trazem produtos que
a natureza não desejou que crescesse no local. Tais ideias, que consideramos absurdas,
vigoraram no pensamento da humanidade desde a Grécia, Antiga, Índias arcaicas,
Roma chegando até o Ancien Regime.
Evolução socioeconômica e tecnológica
Dos movimentos, “revoluções inglesa e francesa”, resultou um novo
produto: o Estado representado por poderes separados, cada qual atuando numa
área específica. Os efeitos dessa mudança, ou seja, sem um “dono real” com sua
corte, foi tão poderoso que afetou a maior parcela da humanidade, principalmente
o ocidente que evoluiu em todos os aspectos e solidificou o sentido de país.
O sentido de pátria aderiu a essa nova mentalidade, uma mudança provinda
de teses dos inúmeros pensadores iluministas, confiantes de que esse era o melhor
caminho, destinado a dar oportunidade aos indivíduos, dos mais diversos grupos
sociais à ascensão social, quer coletiva ou individual. Para administrar Tempo e Moeda - menos tempo, mais moeda - foi preciso
aprimorar a metodologia do Trabalho, ir
além do esforço físico, limitado pela própria natureza humana, nasceram modos para registrar e contabilizar, dados e os informes das ações do
trabalho.
As moedas cunhadas, com maior valor feitas em metais
nobres (ouro, prata) representavam um imenso problema em elevados valores, seja
pelo peso e seu transporte. Nos séculos XII e XV, haviam os bilhetes de banco
creditando altas importância transferidas de um a outro lugar. Nesse período, a
valorização de moedas cunhadas em diversos reinos oscilavam por uma série de
situações, quer na compra, venda ou troca.
Quando em 1661, na Suécia, o Stockholms Banco elaborou as primeiras cédulas de papel moeda sem
lastro, foi por falta de metais. Começava assim a substituição gradual da moeda
sonante pela de “papel pintado
representando um certo valor”. O dinheiro em papel daí para frente, começou
a ser a moeda escritural e oficial adotada. O nascimento do Estado
independente, adotada seu padrão pela autoridade monetária. De modo semelhante,
surgiu o cheque por uma marca bancária garantindo o impresso do próprio banco, seu
valor quantitativo escrito do emitente ao sacador. Posteriormente, o cartão de
crédito e o de débito, nascia como facilitador de crédito. Fiquemos apenas no
compartimento das atividades mecanográficas.
Nos últimos duzentos anos, a difusão de dinheiro,
em quantidades menores per capita, mais substancialmente maiores quando somadas
pelo conglomerado dos indivíduos, produziu uma maior circulação, devido ao novo
tipo de personagem: o operário assalariado. O pagamento ao assalariado, pelo
valor do seu trabalho, sem entrar em mérito de justo ou não, foi disseminado em
múltiplas vertentes pela massa da população empregada nos vários canais, de
compra e venda, na circulação de bens e serviços.
Desse modo, nas relações humanas se operou a
distribuição de valores em âmbito comercial e, a alguns grupos, o acúmulo de
riqueza. Nessas transações principais e corriqueiras foi adotado o pagamento em
papel-moeda. Um valor representado pela operação, como “cadernetas de fiado” na
qual se quitava uma compra no pagamento e se recomeçava outra.
O crédito através de um cartão plástico
personalizado, chamado “cartão de crédito” avançou por inúmeras facilidades que
continha na relação econômica entre partes, cliente e estabelecimento, em
verdade era a continuidade da antiga caderneta de fiado.
Os novos conceitos, preceitos, princípios, normas, acordos, votação e
outros, visam permitir, melhores oportunidades de existência, mais ampla e plena.
O Estado, um ente para pleitear mudanças necessárias, dar voz à coletividade, a
fim de elevar em consciência a população.
A utopia pode até ser parte do Estado, no qual somente a vida
democrática poderá atingir sua mais extensa harmonia de direitos e deveres. A
mecanografia forneceu os instrumentos nessa relação como facilitadora de entendimento
através do documental.
Relatar inda brevemente, o aspecto histórico é importante para clarear a mentalidade de uma época, com seus conceitos e princípios que cá longe não devemos tecer juízo. Visamos apenas inserir o
estágio no qual a Mecanografia progrediu
com referência aos instrumentos inventados para o: Tempo:
medição e avaliação e Moeda: controle, proteção e guarda.
A
Mecanografia não apenas auxiliou na
organização fabril, com o mundo externo do chão de fábrica, trouxe os
meios de provas do trabalho, maquinarias de fiel controle e consciência, do
peso do trabalho que desorganizado, não traria nenhum benefício as partes
envolvidas. Mecanismos inteligentes, facilitador da organização, diminuição do esforço humano com melhor qualidade da vida. Através de escritórios, estudos foram planejados e transformados em meios e maquinaria.
As
regras essenciais e substanciais do trabalho viriam a ter seu valor utilitário,
ter liberdade de escolha ou formação, somente em fins do século XVIII. Bem como
intensamente contestado, quanto aos abusos e as necessárias limitações do Tempo
em trabalho, ou a Moeda para sua dignidade, remuneração melhorada, justa causa
ou pleitear melhores condições ambientais no trabalho.
Todas essas e outras
contestações, entrariam em pauta somente em fins do século XVIII e início do
século XIX para conter abusos, excessos, impor limites de exploração do nosso ente, o assalariado. Enumeramos abaixo, cronologicamente, como as condições de trabalho eram sem limites, no princípio da Revolução Industrial e como as teses oriundas da Revolução Francesa foi melhorando esse terrível quadro, dirimindo a mentalidade feudal que se esvaia.
Vejamos algumas situações e sua cronologia:
1870
Uma fábrica de fiação da Suíça fez publicar anúncio no jornal “Anzeiger von Uster” a pedido do
industrial proprietário suíço:
“Procura-se duas famílias numerosas e trabalhadores especialmente
crianças aptas ao trabalho”.
|
Crianças exercendo um trabalho, corriqueiro na Europa, durante este período. |
Klems
Wenzel Nepomuk Lothar Princípe de Metternich-Winneburg zu
Beilstein (15/maio/1773-11/junho/1859) diplomata e estadista do Império
Austríaco declarou: “o homem começava no
barão”.
Essa
realidade, status natural, retrata o pensamento particular que refletia num
consenso geral, esse tópico atingiu o século XIX. Muitos daqueles que fizeram
fortuna, através do acúmulo do capital, buscavam casar-se com alguém da
estirpe, com nome nobre e tradicional, mesmo com o cofre vazio.
Não apenas na Inglaterra -
aonde o problema era maior, a Revolução Industrial agia com o
repertório exploratório. Tal fato se estendia por países de toda Europa.
Havia contratos que incluíam dar formação profissional, educação moral e
religiosa aos menores. Eram cumpridos?
Neste período foi permitido a “exploração
de crianças” em fábricas e minas de carvão.
1852/1856
Num intervalo de apenas quatro anos, num único registro de
estabelecimento industrial houve seis mortos e 60 mutilações.
Há registros de greve até entre trabalhadores no Antigo Egito e mesmo na
Roma Antiga, que não viviam na lama inglesa, mas no sol mediterrâneo e em
melhores condições. Diante de quem nada tem a perder, resta a única alternativa
de tentar melhorar uma situação.
Como seria previsto, a vida de exploração sem limites do operariado
também encontrou a insatisfação e opositores. Surgiram pensadores preocupados
com a rotina exaustiva das fábricas. Desta adveio movimentos em prol de alguma
melhoria na vida dos operários. Nasceram rudimentares movimentos para minimizar
a tensa rotina fabril, algumas relacionamos abaixo:
1788
Neste ano, foi estabelecido horas e condições para as crianças lavadoras
de chaminés.
1800/1804
Neste
ano, no mês de agosto, começou a ser elaborado o “Código Civil Francês”
editado após a Revolução Francesa, em vigência a partir de 21 de março de 1804, tratava da relação
de pessoas, coisas e ações. A Revolução
Francesa viveu um período conturbado de interesses, com brigas, mortes de
opositores e intolerância, foi o cônsul e imperador, Napoleão Bonaparte quem
se incumbiu de legalizar os novos conceitos.
O
“Code
Civil”, também chamado de “Código Napoleônico”, foram estudos da
comissão com quatro advogados, criados a mando de Napoleão Bonaparte para estabelecer o domínio da lei, pós Revolução Francesa.
O
mais influente dos códigos legais tratando de liberdade individual, de
iniciativa privada, de pensamentos, interesses da burguesia, direito de
propriedade privada. Influenciou sistemas legais de diversos países. Sem
dúvida, novas regras de sociabilidade (trabalho) e interesses comuns (moeda).
Algumas mudanças influenciadas pelo código, começam a alterar o status quo,
como apontamos na cronologia a seguir:
1802
Neste ano, a Lei de Peel,
protege os trabalhadores aprendizes dos moinhos ao trabalho limite de 12 horas,
sempre depois das 6 horas da manhã e sair antes das 21 horas.
1806
Neste ano, em Lion na França, surge o Conselho de Prud’hommes, sob
reinado de Napoleão Bonaparte para
tratar de “questões do trabalho”.
1813
Neste ano, é estabelecido a proibição do trabalho de menores nas minas;
aqueles que tenham até 16 anos devem trabalhar até 10 horas.
1833
Neste ano, isto é, a quase 200 anos somente foi proibido o trabalho de
crianças com menos de 9 anos; a jornada ficou estabelecida entre 48 e 69 horas
para menores de 18 anos;
1847
Neste ano, é fixado o trabalho limite de 10 horas para jovens e
mulheres.
1858
Ocorreu neste ano, a primeira greve dos Gráficos no Brasil.
1864
Foi criada a Associação
Internacional de Trabalhadores, a primeira central do gênero no mundo.
1891
Neste ano, em 15 de maio, devido a tantos reclamos, insatisfações,
desmandos, indiferenças por parte de industriais e financistas, a Igreja
Católica resolveu pronunciar-se e o Vaticano edita a Encíclica Papal – a Rerum Novarum em defesa dos trabalhadores recomendando regras para
o trabalho digno.
1891
Neste mesmo ano, o efeito da Rerum
Novarum aparece em regulamentos e leis para o exercício do trabalho do
menor. No Brasil, o Decreto 1313 trata do mesmo problema.
Vamos a contribuição brasileira neste mundo em transformação:
1760
Por este tempo, na Europa, o
café era um artigo de luxo, bebida rara e difundida em círculos fechados.
Graças a um produto prático, a invenção da cafeteira no século XVIII pelo Conde de Rumford, a bebida foi
proliferada como um bálsamo estimulante.
O café aparece em território brasileiro em meados deste ano, trazido da Guiana Francesa por Francisco Mello Palheta, um sargento-mor
no Brasil
Colônia. Perambulou pelo país. Chegou ao Rio de Janeiro onde foi plantado na região próximo onde se encontra
os Arcos da Lapa, seguiu para o Vale do Paraíba aonde o crescimento foi
intenso, levado para a Alta Mogiana, depois Paraná, Minas Gerais, sempre em
franco crescimento.
1859
Neste ano, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá contrata o engenheiro inglês Daniel Makinson Fox para
projetar uma ferrovia ligando Santos a Jundiaí. Daniel M. Fox com experiência
na área, havia construído ferrovias através dos Pirineus. O café sairia de São
Paulo para ser bebido mundo afora.
1867/1946
Neste período, a ferrovia pronta e em pleno funcionando era denominada por
São Paulo Railway Company, carregando
a rendável safra de café em longos vagões até o porto de Santos. Após o ano de 1946, a ferrovia foi privatizada recebendo o
nome de E.F.S.J. Estrada de Ferro Santos
a Jundiaí.
1894
Neste ano, o café é o produto de maior vendagem no comércio exterior,
considerado o ouro verde. Enfim, a mais de 150 anos, o Brasil é seu maior exportador, com uma produção gigantesca, num
país continental. O consumo do café tornou-se um hábito diário no exterior, encontrou
os meios mais eficazes de deixar o país em direção aos mercados consumidores.
Santos, seu maior
porto de embarque
O porto exportador do café brasileiro é o maior da América Latina – Santos. O café vinha de produtores, principalmente
paulistas, através de ferrovia ou carregados caminhões, abarrotando os grandes
armazéns cafeeiros construídos em Santos
para agilizar a chegada dos navios que levavam em seus porões a preciosa carga
verde.
A cidade com cheiro da café perfumando seu cais, seu centro, se
espalhando por toda cidade com maior intensidade durante os 200 anos férteis da
mecanografia. Em Santos, no período
apontado, a profissão de mecanografia viveu seu esplendor e glória, graças ao
poder do café.
Deixando o porto santista, o café chegou aos lares americanos e europeus,
onde veio a substituir a cerveja, sem embriagar seu bebedor. Essa troca alimentar
foi fundamental na melhoria da saúde física do operariado pela eficácia
estimulante provinda dessa bebida.
Não seria preciso vir trabalhar “bêbado”. Junto com o café veio o açúcar,
união perfeita à brasileira, contribuindo com ingredientes saudáveis à vida do
trabalhador estrangeiro. Do mesmo modo, a Mecanografia também contribuiu neste
contexto, que tratamos como: “Tempo e Moeda”.
Todo o descritivo anterior nos coloca na seguinte situação: um grupo
menor acumulava uma renda absurda; outro grupo, composto de uma população muito
numerosa vivia com uma renda inferior suficiente para subsistência.
Ambos consumiam, mas apenas um grupo era capaz de possuir rendimento
absurdo capaz de aplica-lo numa diversidade de ações. A renda de ambos, com suas
proporções passaram a abastecer um amplo mercado, local, interno e externo.
Destes grupos, a vida comercial ganhou múltiplas atividades. Empresas das mais
diversificadas possíveis, foram sendo criadas, inovadas e inventadas para
atender a uma nova demanda.
O Tempo passou a ter sua dinâmica acelerada. A Moeda passou a correr
rapidamente por todos os cantos, não mais em sacos pesados, mas em papel-moeda,
cheques, depósitos, transferências.
O Tempo resultava em
rendimento obtido por tarefa de trabalho, calculado e limitado em valor para
numerosíssima camada populacional, em proporção absurda para financistas,
industriais e comerciantes. Cada um com suas escalas temporais de ganho.
A Moeda, ganha pela troca do exercício
do trabalho prestado através de um determinado limite de tempo também pela
numerosíssima camada populacional, servia para abastecer estabelecimentos
comerciais, capazes de suprir as demandas das numerosas famílias, em seus
anseios primários como alimentação, vestuário, remédios, mobiliário.
A economia humana em linhas gerais tem atos muito simples: uns produzem,
outros transportam, alguns manipulam os produtos e todos consomem. Entre estes
atos há a compra ou troca por um valor monetário.
Se ao ganhar dinheiro, cobrir despesas, obter lucro compensador e
continuar o ciclo dando suficiência aos seus fundadores e financistas,
representam um direito de quem penetra em empreendimentos, também é dever
remunerar aqueles que de fato fazem existir este rendimento.
Os estabelecimentos comerciais são fundados para produzir dinheiro, ou
papel-moeda. Livros e registros servem para serem escriturados com o fim de registrar,
prover e fiscalizar o emprego desse dinheiro. A camada mais abastada no alto
dessa engrenagem, se se serve da lucratividade, para realizar desejos maiores e
mais ambiciosos, no caminho do luxo e das posses.
O Estado é um Rei
Republicano.
Um outro elemento secular já instituído, constituído em núcleos
familiares nas unidades das vilas, bairros, cidades e divisões maiores, também
passou a mover-se como um ente vivo, célula maior em País, o Estado. Esse será
o maior beneficiado dos últimos trezentos anos da arrecadação dos seus membros.
Coube ao Estado o papel de vir fiscalizar a vida de todos os envolvidos,
através de livros e registros escriturados. Conhecer seus valores precisos e
retirar a sua parte, em impostos, emolumentos e taxas do coletivo a fim de
aplicar na retirada da sujeira das fossas, das ruas lamacentas, de construir
pontes, calçar ruas, de cura dos enfermos, etc.
O Estado é o arbítrio entre essas partes, quer em dirimir abusos ou a
sonegação dos impostos e taxas. A constituição do Estado foi o elemento mais
importante nas transformações ocorridas nos últimos duzentos anos. A
Mecanografia estava presente na escrita, documentação, arquivamento e
conferência desse Estado.
Instrumentos do século
XIX
Na ABA Registros e Contábeis
elucidamos o trajeto de organização da vida em sociedade aglomerada. Nesta ABA Tempo e Moeda, a mecanografia, provedora
da
grafia mecanizada traduziu em caracteres a linguagem dos símbolos com
uniformidade, clareza e velocidade permitindo com máquinas e equipamentos de
precisão a possibilidade de ter regras claras em nome do bem comum, no peso e
na medida, do tempo e da moeda.
A
produção fabril e a relação entre o operariado logo ganhou tensão devido a
verdadeira exploração de sua força entendida como “capacidade servil”, um
costume arraigado nas mentes da classe aristocrática europeia, alterando seu
ciclo da nobreza para a burguesia. Esse vínculo “mental” de obrigação servil
passou somente por metamorfose.
Era
previsto que num novo mundo com maquinaria e facilidade de exposição de
pensamentos iria ocorrer uma resposta à altura. As revoltas trabalhistas surgiram,
algumas conquistas iam progredindo. Como também pensadores, interessados no
embate desigual entre capital e trabalho, como Karl Marx e tantos outros.
A
Inglaterra perdeu seu espaço no
decorrer do tempo para sua antiga colônia, os Estados Unidos que foi capaz de inventar um novo modelo de vida
através de utilitários para melhorar o cotidiano das empresas de modo geral, de
homens e mulheres no modo particular.
Séculos XVIII e XIX
Em
pleno ápice da Revolução Industrial,
como retratamos na ABA Historiografia, as regras do Trabalho e suas condições
não eram as ideais.
Ao
ponto de aparecer um grupo chamado de “ludditas”,
ou quebradores de máquinas, atuando de modo insólito, como um movimento contra
a introdução da maquinaria na Inglaterra
e França destruindo teares e
diversas máquinas, além de saquear fábricas, incendiar residências dos
capitalistas.
1811
Neste
ano, em Nottingham foram destruídos
70 teares. Inúmeras ações desse tipo foram praticadas por este movimento
desordeiro, sem sucesso obteram as
penalidades previstas naquele período.
1830-1850
Em
torno deste período, a situação da classe de trabalhadores ingleses, seja dos
operários e seus familiares, era de miséria, degradação e promiscuidade. A
atmosfera fabril ao mesmo tempo quente e úmida; ventilada com ar impuro,
sufocante, pobre em oxigênio, cheia de poeira, vapores de óleo das máquinas
molhando também o chão escorregadio com tombos e machucados, impregnando
narinas e pulmões.
O
mobiliário do operariado das fábricas de tecelagem inglesa, era composto de
caixotes de madeira resgatados do entulho para servirem de cadeiras, mesas,
base de colchão para dormir. Por fim, viver e dormir num pequeno e insalubre:
lar, pobre, lar.
O
contexto de vivência da classe de trabalhadores, entre o fim do século XVIII e começo do XIX havia atingido o limite humano. Mentalidades
insatisfeitas deflagram greves, tanto na Europa
como nos Estados Unidos, tendo de um
lado, um novo ingrediente de insatisfação socioeconômica: o sindicalismo e
outro lado, dirigentes patronais.
Chegamos
no princípio do século XX com duas
correntes resultantes do encontro inconciliável: capital x trabalho. Capitalismo
e comunismo, os principais vilões no cenário mundial, entes irracionais do novo
embate, envolvendo não mais fábricas, mas Estados soberanos brigando para obter
a preferência ideológica. Não nos interessa as filosofias.
Nosso
objetivo é não tratar da temática sobre a classe sindical nem empresarial, somente
a Mecanografia – instrumentos usados por ambos, “armas de toque”, para a guerra
e paz de ambas, redigindo acordos, regras, acertos, convenções.
O
Tempo, a Moeda e o Trabalho foram alterados profundamente, os comentários que
faremos em diante visam demonstrar essa realidade. Instrumentos modernos de
aferência entraram em cena, novas energias abasteceram um novo cenário, como as
energias elétrica e do petróleo.
Pensadores
trouxeram novos pontos de vista e ideologia para o campo que chamamos de tempo,
moeda e trabalho, em vista do nosso campo a Mecanografia. Vamos descrevê-los
brevemente.
1880-1920 A energia e sua
potência
Estes
anos marcam mudanças ao operariado nas fábricas. Surgem unidades fabris novas,
construídas com melhores condições, instalações humanizadas, organização
científica da produção e um novo e potente produto: o petróleo. Acrescido ao
ferro e outros materiais, permitiu nascer um outro estágio industrial a quem
dominou sua extração e técnicas de separação em diversos subprodutos. Anteriormente
o progresso, já beneficiava quem possuía grandes reservas de carvão como na Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos.
A
energia, é fator de aceleração industrial. Passou de hidráulica, na força em
moinhos d’água ou no vapor aplicado em diversas máquinas, para um grau de
potência exponencial, o uso da eletricidade e do petróleo.
O
desenvolvimento e o progresso favoreceu largamente os países, produtores de ferro
e aço, empregado largamente em todas maquinarias, utensílios e produtos para
todos fins, que ao juntar-se aos derivados do óleo negro, o petróleo, avantajou
potencialmente o poderio financeiro de um pequeno grupo de nações.
O
petróleo era conhecido a mais de 4 mil anos nas regiões da Mesopotâmia, Egito,
Pérsia pelo uso em flechas incendiárias, calafetação de barcos, iluminação. Em
1271, Marco Polo o conheceu e o trouxe para Roma.
1858
O
primeiro poço de petróleo nas Américas jorrou no Canadá.
1859
Neste
ano, no mês de agosto, Edwin Laurentine
Drake descobri petróleo com apenas 21m de profundidade em poço jorrado na
Pensilvânia, o que fez dos Estados
Unidos o país de maior desenvolvimento até o presente.
1889
A
Inglaterra, conhecedora deste fato,
buscou petróleo no Oriente Médio. Ainda neste ciclo, a Rússia também descobriu petróleo.
1893/1903 – O mundo
chegando ao século XIX
Neste
período em particular, como mais adiante e em todo esse século, a relação
tempo, moeda e trabalho viveu um clima de tensões, acertos, aprimoramentos,
estudos dessa temática. Notadamente, no mundo incluso do nosso
decano limite, nos mapas europeu e
asiático, havia uma divisão geopolítica muito diversa, composta pelos Impérios
Austro-Húngaro, Otomano, Prussiano, Russo e um série de reinados menores, anos
vindouros seriam alterados pelos resultados da Primeira Guerra e por
novas ideologias políticas.
Na
verdade, o trabalho como conhecemos em nossos dias, pertence aos últimos
duzentos anos, uma extrema “coincidência” com a vinda da mecanografia no
cotidiano de todas as nações. O ciclo apontado buscava caminhos para
harmonização entre as partes, uma vez que todos eram interessados em vier com
dignidade e o extremismo de nada valia.
As
normas de comportamento industrial provinham do sistema de controle de órgão de
ação não produtiva, que era o exército. Essa instituição de ordenamento militar,
hierarquizada com padrões estanques, diferia muito das ações operárias que eram
remuneradas, embora subordinadas a uma chefia civil.
No
lado oposto, reclamos vindos do
movimento sindicalista tentavam frear a insaciável produção através de
greves, como a dos mineiros em 1897, mecânicos, trabalhadores do aço em 1901 e
dos trabalhadores em matadouros em 1904. Outras greves, surgiam rotineiras,
demonstrando que a relação tempo, moeda e trabalho careciam de inúmeros fatores
sociais, econômicos e coletivos.
TAYLORISMO
Para completar e melhorar este cenário, nasceu
o taylorismo com princípios
científicos para administrar a complexidade que provinha das rotinas das
indústrias, fábricas, oficinas, hospitais, governos e escritórios de modo
geral. A generalização da metodologia de Taylor mudou a sociedade americana,
levou sua produção ao mais alto nível mundial e foi espalhado por países da Europa, como Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Rússia.
O Taylorismo, trouxe os seguintes conceitos: substituição do
método empírico pelo científico na administração; divisão e hierarquização das tarefas; aumento de salários e diminuição de horas de trabalho; dinâmica na produção e gratificação do colaborador; criação de postos de trabalhos. Coincidiou com a melhoria das máquinas mecanográficas, foi a acertada técnica para multiplicar postos e melhoria do trabalhador, tanto no esforço físico e mental.
1906/1907
Neste período, Frederick
Winslow Taylor presidiu
a Sociedade dos Engenheiros Mecânicos dos Estados Unidos, a ASME por sua
capacidade e inovação como engenheiro e onde propagou sua teoria e princípios
para administrar empresas em geral.
1908
Neste ano, a Universidade de Harvard inicia o primeiro curso de pós graduação em
Administração baseado nos princípios da Administração
Científica de Taylor.
1911
Neste ano, foi publicado
o livro "Os Princípios da
Administração Científica". Poderia ser apenas mais um livro, no rol de
milhares existentes até então em quase quatrocentos anos da invenção da
imprensa e décadas da máquina R2. Era o livro do inventor do “taylorismo”, com princípios
para ambientes do exercício do trabalho que revolucionou a vida e a relação antagonista
do capital e trabalho.
Frederick Winslow Taylor nascido na Filadélfia (20/março/ 1856) e falecido na mesma
cidade (21/março/1915), começou trabalhando como operário, técnico em mecânica.
Estudou na
Universidade de Harvard onde por
fim formou-se engenheiro mecânico estudando à noite. Foi dos seus 22
anos, Engenheiro, Chefe Ferramenteiro, Segundo Contramestre, Chefe mecânico,
Engenheiro-chefe das Usinas Midvale Steel. Conheceu
todo o processo de uma empresa de alta complexidade.
Foi
dentro desse contexto, mais moderno da Revolução
Industrial que o jovem Taylor presente numa indústria
americana concluiu que o processo de produção andava errado. O trabalhador
retardava o fim produtivo pelo ritmo do trabalho desorganizado, de modo que uma
empresa contratava muito, produzindo pouco.
Nessa
relação de trabalho, onde quem detinha o material para transformá-lo num
processo de manufatura e daqueles operadores das máquinas num produto, se mantinha
um ambiente hostil de insatisfação, num mundo em que o humanismo ganhava
princípios fundamentais.
Frederick W. Taylor foi o primeiro homem na história a considerar o
trabalho digno de estudo e observação sistemática. Estudou
a eficácia operacional na administração industrial.
Acreditava que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos
trabalhadores, ou seja, treinando-os devidamente, haveria possibilidade de
fazê-los produzir mais e com melhor qualidade.
Taylor objetivou seu
foco em métodos para racionalizar e dividir o trabalho, a fim de obter aumento
da produtividade em menos tempo. Seu foco advém da
importância de concretizar um limite de tempo útil para produzir num menor
período. Cada movimento e tarefa possuem uma ciência, um saber profissional.
Podemos destacar quatro importantes
princípios do taylorismo:
-
cada elemento do trabalho individual deve ter métodos, instruções científicas e
acabar com o empirismo (the one best way);
-
selecionar, treinar, ensinar e aperfeiçoar os trabalhadores;
-
cooperar com cordialidade com trabalhadores para atuarem aplicando a ciência
desenvolvida para seu trabalho;
-
manter divisão do trabalho com equidade e responsabilidade entre a direção e o
operário. Desse modo, todos iram colaborar para o bem andamento da unidade.
Considerado "o pai" da Administração Científica seus estudos
propõem a utilização de métodos científicos cartesianos na administração de empresas em
fábricas, esportes, domésticos, escolas.
No desenvolvimento de pessoal, seus resultados capacitou
trabalhadores de modo geral, aumentou a produtividade, evitou perda de tempo. A
participação de recursos humanos, a coparticipação entre capital e trabalho,
resultou em custos menores e salários mais elevados, pelos níveis de
produtividade.
A supervisão funcional em várias fases de um
trabalho de modo a verificar se as operações estão sendo desenvolvidas, segundo
as instruções programadas, tabulava o sucesso operacional. Surgiu
um novo programa com um quadro de planejamento composto de engenheiros,
mestres, gerentes administrativos dentro do processo do trabalho.
No sistema de pagamento por quantidade, ou por peça, produzida fazia com
que os rendimentos dos funcionários aumentassem de acordo com seu esforço, significando,
a eficiência da organização.
Os
Princípios de Administração Científica,
juntamente com o conjunto de estudos desenvolvidos segundo essa metodologia,
foram aplicados nas indústrias, órgãos de governo, escolas e uma grande
quantidade de empresas, em todo o mundo.
A
indústria e os demais, usavam métodos militares aonde a hierarquia e o mando
era a principal arma de instrução. Prevalecia, um elementar ditado: “manda quem
pode e obedece quem tem cabeça”, não servia nas novas mentalidades.
Um
dos seguidores do taylorismo, Henry Gantt
expressou o seguinte: “ a era da força, cedeu lugar a era do conhecimento”.
Hugo Münsterberg
(Prússia, 1°/jun/1864-16/dez/1916 USA)
As propostas de Taylor
sobre a eficiência industrial, teve em Hugo Münsterberg um estudioso sobre
a psicotécnica. Uma técnica, na qual estão inclusos fatores como: a
alimentação, postura, temperatura, luzes coloridas, música, aroma de flores,
culto ao corpo, dança, esporte, como agentes que trazem efeitos positivos ao
trabalho. Segundo a psicotécnica, o trabalhador deve ter boas condições, tanto
na empresa como fora dela, a fim de tornar-se um indivíduo melhor. A
psicotécnica pode ser resumida em três aspectos: melhor homem, melhor trabalho,
melhor resultado.
Já
no início do século a classe empresarial americana interessou-se pelos
conhecimentos de Frederick
Winslow Taylor inserindo
um novo papel para o engenheiro como técnico imparcial, talvez do mesmo modo
que os advogados foram destaques após a Revolução Francesa no contexto das
mentalidades daqueles anos em diante por mais igualdade e liberdade entre os
cidadãos.
O
método da Taylor, foi aplicado em todo mundo na organização e produção do
trabalho, fosse capitalista ou comunista. A “nova fábrica” visando elevar
produção e ganho, passou por forte padronização. Duas tarefas tornaram-se
importantes: cronometria e apontamentos.
Nenhuma
fábrica funciona sem um quadro de operários que precisam se dirigir as empresas
onde obram, cumprir o horário de entrada e outros horários. O primeiro horário,
o de entrada depende sempre de circunstância pessoal.
No
início da Revolução Industrial, o operariado trabalhava próximo as indústrias
têxteis. Foi a Revolução Industrial quem começou a ditar a regra de tempo e
trabalho. Nesse novo contexto, a quantidade de pessoas se dirigindo aos seus empregos cresceu, assim como, a distância das habitações dos operários, aumentava a medida do crescimento demográfico, empurrando o operariado a subúrbios distantes. A cronometria também entrou na vida do trabalho através da
relojoaria: com os barulhentos, insuportáveis mas úteis despertadores.
O
inventor do despertador foi Antoine Redie em 1847. O despertador
é um relógio de pequeno porte, com um ajuste funcional de despertar por
campainha, produzindo um ruído sonoro em forma de alarme que insistentemente obriga
o ouvinte a acordar.
1883
Neste
ano, Jakob Kienzle começou a fabricar este instrumento de cronometria chegando
em 1889 a produção de 162 mil despertadores.
1894
Seu
peso e custo foi reduzido, graças ao sistema americano, isto é, aplicando o taylorismo.
Várias empresas entraram na concorrência para fabricar relógios despertadores
que se tornou um dos hábitos mundiais de quem trabalha, deve cumprir um horário
mesmo considerando os empecilhos a percorrer. Por sua vez, também as fábricas
incluíram em seus portões de entrada um relógio de ponto para registrar o
horário de cada empregado.
O
melhor exemplo para retratar essas duas tarefas é: um bonde (ou trem) saindo de
trilhos, um ponto inicial indo até o seu final num determinado período. Ou
seja, um caminho definido com duas etapas considerando entrada e descida de
passageiros e algum outro incidente permitindo um tempo definido.
Na Administração
Científica de Taylor, reside o enorme aumento da riqueza de praticamente um
século de sucesso, fator que impulsionou as massas trabalhadoras nos países
desenvolvidos, muito acima de qualquer nível antes registrado, até para os mais
prósperos, não importando a tendência ideológica.
Vamos entender este processo, os acontecimentos e
decisões, que permitiram o destaque de nações que são proeminentes em
desenvolvimento e de bem estar aos seus povos.
Karl Emil Maximilian Weber (Erfurt, 21/abril/1864-Munique, 14/junho/1920) foi
um sociólogo e economista alemão. Escreveu diversos livros entre os quais “A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo”, como o título evoca, traça o perfil das sociedades de cunho protestante no sucesso de obtenção do capital e do
lucro.
Seu importante pensamento sobre a Teoria da
Burocracia, na qual argumenta que as pessoas racionalmente são guiadas por
normas coletivas e legitimadas, de modo formal e impessoal para os fins
pretendidos, auxiliaram a organização do Estado moderno.
O Estado burocrático age como instituição
hierarquizada. O termo burocracia começou na França no século XVIII. Do latim para o francês, BUREAU (escritório) +
KRATOS (do grego, poder, regra). Desse modo, o escritório adquiriu sua pujança
no cotidiano de todos, para gerir a vida da coletividade. Foi no ambiente do ESCRITÓRIO
que as máquinas mecanográficas imperaram na eficiência das relações comerciais
e humanas.
1906/1925
- Máquinas Ferramentas
A produção industrial por este período adquiria cada vez mais agilidade e presteza
pela introdução das chamadas máquinas ferramentas ou máquinas operatrizes, como
tornos mecânicos, furadeiras fresadoras, aplanadoras, retificadoras e outros
equipamentos capazes de fabricar e cobrir várias etapas da produção de peças
metálicas, plásticas, de madeira ou outro material.
O emprego das máquinas ferramentas aumentou a
velocidade, precisão e quantidade na produção. Novas categorias inexistentes em
1900 aparecem como os ferramenteiros que em 1920 contará com cerca de 55 mil
operários. As fábricas passaram a manufaturar de modo exponencial, milhares de
peças sendo feitas por menos empregados. O torno mecânico moderno data de 1906,
o automático de 1960, um equipamento em constante evolução.
1910/1920 - Transformação
do trabalho após Primeira Guerra Mundial
Nas primeiras décadas do século XX a produtividade passou a ser a meta
para se conseguir riqueza nacional, uma meta que se espalhou pelo continente
europeu e por todo mundo civilizado.
As grandes transformações ocorridas nesta década, em dois pontos de vista,
foram inesperadas, inovadoras e interessantes. Os motivos pelos quais imprimiu
a beligerância entre nações estavam aspectos de interesses dominadores com o
fim de conquistar a riqueza nacional.
A Alemanha e a Itália perderam a disputa de colonizar regiões
da África e na Ásia. Ambos continentes “repartidos
em largas e boas fatias, principalmente por Inglaterra, França, Rússia, nos quais a força e o poder de
interferência, aflorados neste ciclo de posseiros, por interesses geopolíticos
e econômicos.
A Primeira Guerra Mundial foi
o estoquem dessas desavenças, na qual só produziu calamidade, devastação, ruína
de países, fomentando fome, migração e nova rota de domínio.
As populações devastadas pelos horrores da guerra, residentes ou
transferidas para ambientes novos, pelos fatores oriundos da migração e
emigração careciam de novas regras. Preferências
iriam surgir para acomodação, daqueles transferidos pela imigração, trazendo
crescimento em novas áreas, carentes de planejamento e organização.
28/junho/1919
O Tratado de Versalhes, foi um Tratado de Paz, chancelado nesta data por
potências europeias no término da Primeira
Guerra Mundial pela vitória da Tríplice Entente formada pelo Reino Unido, República da França e Império Russo que alterou a composição
de territórios na Europa, como extinção
da Prússia e outros territórios. Esse tratado foi chamado pela Alemanha de “diktat”, ou seja, imposição.
Entre vários itens acordados em Versalhes, o exercício do trabalho obteve
uma entidade de âmbito internacional a O.I.T – Organização Internacional do Trabalho, com obrigações a ser seguida
em âmbito universal, ou seja, com regras para atenuar e prosperar essa relação
intrigante de tempo e moeda.
A crise socioeconômica intensa, em decorrência do período bélico,
precisava ser vencida, com planejamento e organização. Nesse campo, entra a
mecanografia e as novas metodologias de administração científica, capazes de
estruturar um novo mundo de ampla comunicação, transporte, logística e serviços
gerais. Alguns países, certamente com os Estados
Unidos, obtiveram melhores resultados, como resumidamente, veremos:
França
1911
Neste
ano, é lançada a obra de Taylor em território francês, onde ideais paralelas sob o ponto de vista
taylorista começam a serem propagadas. Na França, se destacou
em teoria administrativa, Henry Fayol,
engenheiro de minas francês, que desenvolveu estudos sobre Chefia. Na verdade, Frederick Winslow Taylor, Henry Ford e Jules Henry Fayol Taylor Ford podem
ser considerados os pioneiros no campo da administração científica.
1912
Neste
ano, o próprio Frederick
Winslow Taylor admitia que a instituição do seu sistema
deveria ser introduzido de modo mais lento nos países europeus que desejavam
introduzir sua metodologia.
1916
Neste
ano, Jules
Henry Fayol (Istambul
29/julho/1841 - Paris 19/novembro/1925) lançou o livro Administration Industrielle et Générale tratando de teoria
administrativa, uma obra complementar aos estudos de Taylor. O evento da Primeira Guerra Mundial
contribuiu para difundir o taylorismo, por meio das volumosas mudanças.
Fayol,
em sua Teoria Geral da Administração
resumiu em cinco pontos as funções administrativas: 1) prever e planejar; 2)
organizar; 3) comandar; 4) coordenar; 5) controlar. Além disso, acresceu catorze
princípios básicos, entre estes: divisão
de trabalho; autoridade e responsabilidade; disciplina; unidade de comando e
direção; hierarquia; ordem, espírito de equipe.
1919
Neste
ano, a Citröen cria um novo modelo na cadeia de montagem, baseada nos
princípios da Ford americana;
1922/1925
Desde
1906, Louis Renault já havia
instituído um sistema de cronometragem na produção de automóveis. A Renault
adota no período apontado, sistema de montagem e usinagem na fabricação dos
seus veículos, como também, admite operários estrangeiros, conseguindo baratear
sua mão-de-obra, utilizando métodos de administração científica. Outras
empresas francesas também adotaram analogamente os estudos de Taylor
e Fayol.
Itália Dopo lavoro
A
Itália, foi outro país a adotar o
taylorismo na organização da produção. O fascismo
ditava uma nova ordem social e política, cujo fim era construir uma sociedade
abundante pelo trabalho, no ideal comum de enriquecer a nação. O Estado
fascista se empenhou na construção de fábricas assépticas e apolíticas.
Dopolavoro
foi um neologismo criado pelo engenheiro Mario Giani com finalidades de criar
atividades recreativas e culturais para integrar os operários aos meios de
produção. Giani estudou nos EUA
onde se inteirou pelas técnicas taylorista de gerência pessoal. O Dopolavoro foi levado ao extremo pelo
governo de Mussolini criando departamentos e toda estrutura para levar adiante
sua política. O fascismo exaltou a glória da técnica, melhores processos de
trabalho para maior produtividade.
As
indústrias têxteis italianas entraram no programa fornecendo habitações e
alojamentos aos operários, além de diversos confortos como banheiros,
eletricidade, escolas, creches, igreja, armazéns e recreações variadas.
Giovani Agnelo,
presidente da FIAT introduziu a
racionalização do processo do trabalho. A FIAT manteve uma biblioteca de 10 mil
volumes, programas culturais e para lazer, assistência social e outros
benefícios.
A
Olivetti outra gigante italiana também
aderiu ao programa conforme relatado na ABA Olivetti. Adriano Olivetti foi um incentivador de várias ações sociais e foi
destacado idealizador do tema “Comunidade”, escrevendo diversos livros sobre
este assunto.
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